“Aleijados Biliares”| O flagelo silencioso da lesão do ducto biliar na colecistectomia laparoscópica

No âmbito da cirurgia digestiva, poucas complicações causam tanto temor aos cirurgiões quanto a lesão do ducto biliar (LDB) durante a colecistectomia laparoscópica. Apesar de ser o padrão-ouro para o tratamento da colelitíase sintomática, este procedimento carrega um perigo oculto que pode transformar uma operação de rotina em um evento que altera a vida tanto do paciente quanto do cirurgião.

A colecistectomia laparoscópica, introduzida no final dos anos 1980, revolucionou a cirurgia da vesícula biliar. No entanto, trouxe consigo um risco aumentado de LDB em comparação com a abordagem aberta. No Brasil, um estudo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões relatou uma taxa de LDB de 0,18% em colecistectomias laparoscópicas, ligeiramente inferior à média global de 0,3-0,7%.

As consequências da LDB são graves, frequentemente exigindo cirurgia reconstrutiva complexa e resultando em significativa morbidade, mortalidade e custos de saúde. Um estudo brasileiro estimou que os casos de LDB levam a uma média de 22 dias adicionais de internação hospitalar e um aumento de 30 vezes nos custos hospitalares.

Pontos-Chave:

  1. Fatores de Risco: Compreender os fatores relacionados ao paciente (ex: colecistite aguda, obesidade) e ao cirurgião (ex: inexperiência, interpretação errônea da anatomia) é crucial.
  2. Estratégias de Prevenção: a) Visão Crítica de Segurança: Esta técnica, defendida por Steven Strasberg, é fundamental na prevenção da LDB. b) Colangiografia Intraoperatória: Embora controversa, pode ajudar na identificação da anatomia biliar. c) “Cultura de Segurança”: Adotar uma mentalidade que priorize a segurança do paciente acima da conclusão do procedimento a todo custo.
  3. Reconhecimento e Manejo: O reconhecimento precoce da LDB é vital. O reparo imediato por cirurgiões hepatobiliares experientes proporciona os melhores resultados.
  4. Treinamento e Educação: Treinamento baseado em simulação e protocolos padronizados podem ajudar a reduzir as taxas de LDB, especialmente entre residentes de cirurgia.

Como cirurgiões digestivos, devemos permanecer vigilantes contra a ameaça da LDB. Aderindo às técnicas adequadas, mantendo um alto índice de suspeita e fomentando uma cultura de segurança, podemos minimizar esta complicação potencialmente devastadora. A jornada para zero LDB está em andamento, exigindo educação contínua, autorreflexão e um compromisso com a excelência na prática cirúrgica.

“O desafio da cirurgia é a mão do cirurgião curar um paciente pela precisão na estrutura e propósito.” – Joseph E. Murray

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Prof. Dr. Ozimo Gama

Uma resposta

  1. Avatar de Desconhecido

    […] da taxa de conversão para cirurgia aberta em colecistite aguda. Contudo, o risco aumentado de lesões do ducto biliar com a abordagem robótica é uma preocupação adicional que deve ser […]

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