Variações Anatômicas da Árvore Biliar Extra-Hepática no Contexto da Colecistectomia Laparoscópica

Introdução A compreensão das variações anatômicas dos ductos biliares extra-hepáticos é essencial para a realização segura da colecistectomia laparoscópica. A terminologia frequentemente utilizada para descrever essas variações inclui termos como “acessório”, “anômalo” e “aberrante”. Entretanto, essas variações são naturais e suficientemente frequentes para serem antecipadas pelo cirurgião atento. A preferência é pelo termo “duto variante”.

Marcos Anatômicos Gerais para a Orientação

Durante a colecistectomia laparoscópica, é crucial reconhecer marcos anatômicos adjacentes para evitar lesões. O ligamento falciforme situa-se entre os segmentos hepáticos 3 e 4, e o ducto hepático comum (DHC) está próximo ao plano mediano do fígado entre os segmentos 4 e 5. O sulco de Rouvière é uma fissura que contém porções do pedículo portal direito e demarca o plano ventral-dorsal do ducto biliar comum (DBC), auxiliando na orientação durante a dissecção.

Anatomia dos Ductos Hepáticos Direitos

Na configuração mais comum, o ducto hepático seccional anterior direito (segmentos 5 e 8) e o ducto hepático seccional posterior direito (segmentos 6 e 7) unem-se para formar o ducto hepático direito (DHD), que se junta ao ducto hepático esquerdo para formar o DHC. Essa anatomia ocorre em 57-72% dos indivíduos. Em 15-30% dos casos, os ductos seccionais direito anterior e posterior não se unem, cada um tendo uma junção separada com o DHC ou o ducto hepático esquerdo, aumentando o risco de lesão durante a cirurgia.

Ductos Subvesicais

Os ductos subvesicais, localizados superficialmente no leito da vesícula biliar, são a fonte mais comum de vazamento biliar pós-operatório. Observados em cerca de um terço dos espécimes humanos, esses ductos, geralmente originários do segmento 5, drenam para o ducto hepático direito, o DHD ou o DHC. A dissecção deve ser mantida fora do fígado sempre que possível para evitar lesões.

Anatomia do Ducto Cístico

O ducto cístico geralmente se junta ao DHC, com a localização da junção variando do hilo hepático à área pré-ampular. Configurações paralelas e espirais do ducto cístico são comuns e representam fatores de risco significativos para lesões durante a colecistectomia. Fusão inflamatória e contração do ducto cístico são situações de alto risco.

A variabilidade anatômica dos ductos biliares extra-hepáticos requer uma abordagem cuidadosa durante a colecistectomia laparoscópica para evitar lesões. O conhecimento detalhado das possíveis variações e a identificação precisa dos marcos anatômicos são fundamentais para o sucesso cirúrgico. As variações anatômicas dos ductos biliares são frequentes e devem ser esperadas pelos cirurgiões. A terminologia adequada e o reconhecimento dessas variações são cruciais para prevenir lesões durante a colecistectomia laparoscópica. Como afirmou Lahey: “A variação anatômica é a regra, não a exceção.”

Referências

  1. Michels, NA. “Every duct drains a definite segmental area of the liver.”
  2. Strasberg, SM. “Anatomic and historical basis of variations in bile ducts.”
  3. Bismuth, H. “Variations in the anatomy of the extrahepatic bile ducts.”

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