Cuidados Paliativos em Tumores Biliares

Como Integrar Práticas Cirúrgicas com Abordagens Humanizadas para Melhorar a Qualidade de Vida do Paciente

Introdução

Os tumores biliares, compreendendo o câncer de vesícula biliar e o colangiocarcinoma, apresentam-se como desafios significativos no campo da cirurgia do aparelho digestivo. Essas malignidades raras são frequentemente diagnosticadas em estágios avançados, quando a ressecção curativa não é mais uma opção viável para a maioria dos pacientes. Neste contexto, a integração precoce dos cuidados paliativos torna-se crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, abordando tanto os sintomas físicos quanto as necessidades emocionais e espirituais.

Desenvolvimento

A palavra “paliativo” deriva do latim palliare, que significa cobrir com um manto, uma metáfora que reflete a proteção e o alívio oferecidos ao paciente diante de uma doença incurável. No caso dos tumores biliares, onde apenas 20% a 30% dos pacientes com câncer de ducto biliar e 15% a 47% daqueles com câncer de vesícula biliar são candidatos à ressecção cirúrgica, os cuidados paliativos assumem um papel central.

O prognóstico desses pacientes é frequentemente desolador, com taxas de sobrevida de 5 anos inferiores a 5% para o câncer de vesícula biliar e de 2% a 17% para o colangiocarcinoma. Essas estatísticas evidenciam a necessidade urgente de abordagens paliativas que não apenas prolonguem a vida, mas que, acima de tudo, melhorem sua qualidade.

Prof. Dr. Ozimo Gama
Tumor das Vias Biliares

As intervenções paliativas em tumores biliares incluem uma variedade de técnicas, como a colocação de stents biliares, tanto endoscópicos quanto percutâneos, para aliviar a obstrução biliar, radiofrequência para ablação tumoral, terapia fotodinâmica e braquiterapia intraluminal. Cada uma dessas opções é escolhida com base no quadro clínico específico do paciente, buscando-se sempre um equilíbrio entre eficácia e minimização dos riscos.

Aplicação na Cirurgia Digestiva

No cenário da cirurgia digestiva, o papel do cirurgião vai além da remoção tumoral. Em muitos casos, os cirurgiões são os principais responsáveis pela implementação de medidas paliativas que podem incluir desde procedimentos de derivação biliar até a colocação de stents para aliviar sintomas obstrutivos. Além disso, a abordagem multidisciplinar é fundamental para assegurar que o paciente receba um cuidado integral, que envolva não apenas o controle dos sintomas, mas também suporte psicológico e espiritual.

Por exemplo, a inserção de um stent metálico endoscópico, que oferece maior patência a longo prazo em comparação aos stents plásticos, pode ser preferível em casos de obstrução biliar maligna. Outro exemplo é o bloqueio do plexo celíaco, que pode ser realizado para o controle da dor em pacientes com tumores avançados que envolvem o plexo celíaco. Essas intervenções cirúrgicas e endoscópicas são cruciais para manter a qualidade de vida, mesmo quando a cura não é mais possível.

Pontos-Chave

  • Diagnóstico Tardio: A maioria dos tumores biliares é diagnosticada em estágio avançado, quando as opções curativas são limitadas.
  • Importância dos Cuidados Paliativos: A introdução precoce dos cuidados paliativos é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com tumores biliares.
  • Intervenções Paliativas: Técnicas como a colocação de stents, ablação por radiofrequência, e terapia fotodinâmica são opções importantes no manejo paliativo.
  • Abordagem Multidisciplinar: O cuidado paliativo eficaz em tumores biliares requer uma abordagem que envolva cirurgiões, oncologistas, endoscopistas, radiologistas e especialistas em cuidados paliativos.

Conclusões Aplicadas à Prática do Cirurgião Digestivo

Para o cirurgião digestivo, é imperativo compreender que a eficácia do tratamento paliativo não se mede apenas em termos de sobrevivência, mas na capacidade de aliviar sintomas e melhorar o bem-estar do paciente. O papel do cirurgião evolui para incluir a gestão de técnicas paliativas, que devem ser integradas precocemente no curso da doença. A educação contínua sobre essas técnicas e o desenvolvimento de habilidades de comunicação para discutir prognóstico e expectativas com os pacientes e suas famílias são igualmente cruciais. Assim, ao ampliar o foco para além da intervenção curativa, o cirurgião digestivo pode fornecer um cuidado mais compassivo e centrado no paciente, alinhado com as melhores práticas em cuidados paliativos.

“Curar quando possível, aliviar frequentemente, consolar sempre.” – Edward Livingston Trudeau

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