Introdução
A má prática médica é uma preocupação significativa na prática cirúrgica, especialmente em áreas especializadas como a cirurgia digestiva. No Brasil, onde as doenças do sistema digestivo representam um grande ônus para a saúde pública, as implicações da má prática vão além das consequências legais; elas afetam os resultados dos pacientes, a integridade profissional e a confiança geral no sistema de saúde. Este artigo tem como objetivo dissecar as complexidades da má prática na cirurgia digestiva, destacando as causas, efeitos e medidas preventivas, com foco no contexto brasileiro.
A Dimensão da Má Prática na Cirurgia Digestiva
A má prática na cirurgia digestiva geralmente tem raízes em uma combinação de erros técnicos, julgamento inadequado e falhas sistêmicas. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o número de processos por má prática no Brasil tem aumentado de forma constante, com a cirurgia digestiva sendo uma das especialidades mais afetadas. Essa tendência é alarmante, considerando a complexidade de procedimentos como hepatectomias, pancreatectomias e cirurgias bariátricas, onde precisão e expertise são fundamentais.
Um impulsionador significativo das reclamações por má prática é o medo de litígios, que pode levar os cirurgiões a adotarem práticas médicas defensivas. Isso pode envolver a solicitação de testes ou procedimentos desnecessários para cobrir possíveis repercussões legais, desviando-se dos princípios de julgamento profissional e cuidado centrado no paciente. No Brasil, o panorama cultural e legal agrava ainda mais essa questão, onde a crescente conscientização e empoderamento dos pacientes aumentaram a demanda por responsabilidade.
Fatores Principais Contribuintes para a Má Prática
- Erros Técnicos: Embora os erros técnicos sejam uma parte inevitável da prática cirúrgica, sua ocorrência pode ser minimizada através de um treinamento rigoroso e adesão a protocolos padronizados. Um estudo de 2007 realizado pelo American College of Surgeons revelou que, dos 460 processos encerrados, 229 foram atribuídos a erros técnicos. No Brasil, descobertas semelhantes foram relatadas, onde erros técnicos na cirurgia digestiva frequentemente resultam de experiência inadequada ou execução imprópria de procedimentos complexos.
- Julgamento Não Profissional: A má prática não é apenas resultado de incompetência técnica; o julgamento não profissional desempenha um papel crítico. Cirurgiões que realizam procedimentos fora do seu escopo usual de prática ou falham em encaminhar casos que requerem expertise especializada contribuem significativamente para desfechos adversos. No contexto da saúde brasileira, a distribuição desigual de especialistas e recursos muitas vezes força cirurgiões gerais a realizarem procedimentos além de sua zona de conforto, aumentando o risco de má prática.
- Falhas Sistêmicas: A má prática também é uma manifestação de questões sistêmicas mais amplas. Falhas na comunicação, supervisão inadequada de residentes e avaliações pré-operatórias insuficientes são contribuintes comuns. No Brasil, onde o Sistema Único de Saúde (SUS) está sobrecarregado, essas falhas sistêmicas são muitas vezes ampliadas, levando a uma maior incidência de erros evitáveis.
Estratégias Preventivas na Cirurgia Digestiva
Para mitigar o risco de má prática na cirurgia digestiva, é necessário uma abordagem multifacetada:
- Desenvolvimento Profissional Contínuo: Os cirurgiões devem se engajar em aprendizado contínuo e autoavaliação para se manterem atualizados com os últimos avanços na cirurgia digestiva. Isso inclui participar de programas de educação médica continuada (EMC) e frequentar workshops e conferências especializados.
- Adesão a Diretrizes: A adesão estrita a diretrizes e protocolos baseados em evidências é essencial para garantir os mais altos padrões de cuidado. No Brasil, organizações como o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) fornecem recursos valiosos e diretrizes que os cirurgiões devem seguir.
- Melhorias Sistêmicas: Melhorar a infraestrutura geral da saúde, incluindo melhor alocação de recursos, canais de comunicação aprimorados e supervisão mais rigorosa de residentes, pode reduzir significativamente a incidência de má prática.
Conclusão
O medo de litígios por má prática, embora compreensível, não deve comprometer a integridade da prática cirúrgica. Os cirurgiões devem equilibrar a necessidade de proteção legal com sua responsabilidade profissional de fornecer o melhor cuidado possível aos seus pacientes. No Brasil, onde a cirurgia digestiva desempenha um papel crucial no atendimento às necessidades de saúde da nação, a ênfase deve estar em promover uma cultura de excelência, melhoria contínua e adesão à ética profissional.
Como disse o grande cirurgião William Osler: “A prática da medicina é uma arte, não um comércio; uma vocação, não um negócio; uma vocação em que o coração será exercido tanto quanto a cabeça.” Esta citação serve como um lembrete de que, no cerne da prática cirúrgica, reside um profundo compromisso com o bem-estar dos pacientes, que nunca deve ser ofuscado pelo medo da má prática.
Gostou? Nos deixe um comentário ✍️, compartilhe em suas redes sociais e|ou mande sua dúvida pelo 💬 Chat On-line em nossa DM do Instagram.
Hashtags: #CirurgiaDigestiva #MalaPráticaMédica #ÉticaCirúrgica #SegurançaDoPaciente #SaúdeBrasileira