O transplante é o tratamento ideal para pacientes com falência terminal de órgãos, proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida e na sobrevida. Em particular, o transplante hepático oferece a única opção terapêutica para pacientes com insuficiência hepática em estágio terminal. Pacientes com insuficiência renal terminal, por exemplo, beneficiam-se enormemente da sobrevida conferida pelo transplante em comparação com a diálise. Já o transplante de pâncreas permite que pacientes com diabetes tipo 1 se libertem das complicações crônicas da doença e da necessidade de injeções regulares de insulina.
Doação de Órgãos
Um dos maiores desafios no campo dos transplantes é a escassez de órgãos disponíveis para doação. Diversas estratégias foram desenvolvidas para mitigar esse problema, sendo exploradas mais detalhadamente neste contexto.
Doação de Órgãos de Doadores Falecidos A maioria dos doadores de órgãos são pacientes que foram diagnosticados com morte encefálica. Potenciais doadores incluem qualquer paciente profundamente inconsciente em um ventilador, após uma lesão cerebral grave e irreversível de etiologia conhecida, como hemorragia intracraniana ou trauma neurocirúrgico agudo. Após o diagnóstico de morte encefálica, é necessário obter o consentimento da família do potencial doador. A legislação sobre consentimento para doação de órgãos varia entre os países e tem sido tema de intenso debate.
Doação em Vida A motivação principal para o desenvolvimento de programas de doação renal em vida na década de 1990 foi a escassez de órgãos disponíveis de doadores falecidos. Hoje em dia, sabe-se que um transplante renal de um doador vivo oferece uma sobrevida superior, com 95% de sobrevivência do enxerto em um ano, em comparação com 90% dos casos de doação falecida, além de menor morbidade e mortalidade.
Aspectos Técnicos
Doação de Órgãos de Doadores Falecidos Após a confirmação da morte encefálica e obtenção do consentimento, inicia-se o procedimento cirúrgico para retirada dos órgãos. Os detalhes técnicos específicos variam, mas incluem a canulação da aorta inferior para permitir a perfusão dos órgãos com solução de preservação fria e a dissecção hepática cuidadosa, incluindo a divisão do ducto biliar comum e das artérias hepáticas.
Transplante Hepático O transplante hepático é geralmente realizado de forma ortotópica, ou seja, o fígado doente é removido e o enxerto é colocado no mesmo local. Existem dois métodos principais: a técnica clássica, que envolve a remoção do fígado doente em bloco com a veia cava inferior retro-hepática, e a técnica “piggy back”, que preserva o fluxo cavalar e é associada a menores tempos cirúrgicos e menor necessidade de transfusão de sangue.
Complicações e Desafios
As complicações incluem disfunção primária do enxerto, hemorragia, trombose vascular e rejeição precoce. A falta de órgãos doadores continua a ser um grande desafio, levando ao uso de fígados de doadores marginais e à prática de transplantes hepáticos de doadores vivos.
Outro desafio significativo é o aumento da incidência de hepatite viral, especialmente hepatite C (HCV) e B (HBV), que representam uma carga crescente sobre os recursos de saúde. A recorrência do HCV, em particular, tem um impacto significativo na sobrevida do enxerto e do paciente, com uma sobrevida de 5 anos em receptores HCV-positivos 10% inferior àqueles HCV-negativos.
Imunossupressão
O principal objetivo da imunossupressão é minimizar o risco de rejeição do enxerto com o menor número possível de efeitos colaterais, como infecções e malignidades. A imunossupressão profilática é iniciada imediatamente após o transplante e mantida a longo prazo. Os inibidores de calcineurina, como ciclosporina e tacrolimus, são os pilares da terapia de manutenção, mas estão associados à nefrotoxicidade significativa. A busca por regimes livres de inibidores de calcineurina, a tolerância imunológica e o manejo das infecções relacionadas à imunossupressão continuam a ser áreas de intensa pesquisa e desenvolvimento no campo dos transplantes hepáticos.
Nota Histórica
Sir Roy Calne, um dos pioneiros no campo dos transplantes, disse:
“The surgical treatment of organ failure has been one of the great achievements of the 20th century. The challenge of the future is to minimize the need for immunosuppression and extend the benefits of transplantation to a wider group of patients.”
Sua contribuição para o desenvolvimento da imunossupressão e dos transplantes de órgãos sólidos é inestimável, destacando a importância de combinar inovação tecnológica com cuidados centrados no paciente.
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