A lesão da via biliar é uma complicação significativa tanto na colecistectomia aberta quanto na laparoscópica. Na colecistectomia aberta, o risco é de aproximadamente 1 em 1000 casos. No entanto, na colecistectomia laparoscópica as taxas de lesão da via biliar comum variam entre 0,2% e 3%.
Popularidade da Colecistectomia Laparoscópica
Apesar do maior risco de lesão na colecistectomia laparoscópica, sua popularidade continua a crescer entre cirurgiões e o público em geral. Este aumento se deve aos benefícios percebidos, como menor dor pós-operatória, cicatrizes menores e recuperação mais rápida. No entanto, essas vantagens podem ser rapidamente anuladas por uma única lesão da via biliar.
Fatores de Risco e Procedimentos
Estudos, como o de Easter e Moossa, mostraram que a dissecção a laser está associada a um maior risco de lesão em comparação com o uso de eletrocautério. As lesões ocorrem frequentemente devido à dificuldade de visualização clara do campo operatório, exacerbada por inflamação, cicatrizes ou sangramento na região do triângulo de Calot.
Diferenças na Tração Durante a Cirurgia
Durante a colecistectomia aberta, as forças opostas aplicadas ao fígado e ao duodeno tendem a alinhar o ducto biliar comum de maneira a minimizar sua angulação. Em contraste, na colecistectomia laparoscópica, a tração lateral e cefálica na vesícula biliar pode fazer com que o ducto cístico e o ducto biliar distal fiquem alinhados no mesmo plano, aumentando o risco de confusão anatômica e lesão inadvertida do ducto hepático comum.
Estratégias de Prevenção
Para minimizar o risco de lesões, recomenda-se uma tração lateral do fundo da vesícula biliar e uma dissecção cuidadosa no nível do infundíbulo antes da aplicação de clipes ou divisão das estruturas no triângulo de Calot. A colangiografia intraoperatória é fundamental sempre que houver dúvida sobre a anatomia, pois pode ajudar a identificar anomalias anatômicas ou lesões antes que ocorram complicações graves.
Importância do Reconhecimento Precoce
Os sintomas pós-operatórios de anorexia, íleo, náuseas ou vômitos que não melhoram conforme esperado após uma colecistectomia laparoscópica podem indicar uma lesão ductal. A detecção precoce dessas lesões e o reparo imediato por um cirurgião experiente são essenciais para um bom prognóstico a longo prazo. Lesões não detectadas durante o procedimento inicial frequentemente resultam em complicações mais graves, como peritonite biliar e estenoses anastomóticas.
Considerações Finais
Embora a colecistectomia laparoscópica ofereça vantagens significativas, é crucial que os cirurgiões estejam cientes de seus riscos e limitações. A conscientização e o reconhecimento dos fatores de risco podem ajudar a alcançar o nível de segurança esperado na colecistectomia aberta, garantindo melhores resultados para os pacientes.
