A prática cirúrgica é uma forma de arte que exige habilidade técnica e precisão, mas vai além disso. Os cirurgiões não apenas dominam as técnicas e procedimentos, mas também são desafiados a aplicar virtudes cardinais em cada etapa do ato operatório. A diérese, exérese, hemostasia e síntese, as quatro fases cruciais da cirurgia, podem ser vistas como um reflexo das virtudes cardinais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Vamos explorar como essas virtudes se manifestam na rotina de um cirurgião comprometido com o bem-estar dos pacientes.
Diérese (A Prudência como Guia) : A primeira etapa da cirurgia, a diérese, é o momento em que o cirurgião realiza uma incisão precisa para acessar o local a ser tratado. A prudência, virtude da sabedoria prática, entra em cena através do domínio da anatomia. O cirurgião deve avaliar cuidadosamente cada caso, analisar os riscos e tomar decisões fundamentadas. A prudência orienta a escolha das melhores abordagens cirúrgicas, levando em consideração a saúde geral do paciente, suas necessidades individuais e o objetivo final da intervenção.
Exérese (A Justiça na Busca pelo Equilíbrio): Na fase de exérese, o cirurgião remove tecidos ou estruturas comprometidas pela doença. Aqui, a justiça desempenha um papel essencial. O cirurgião deve agir com equidade, buscando remover apenas o que é necessário, sem excessos ou negligências. A justiça implica em tratar cada paciente com equidade, respeito e imparcialidade, levando em consideração os melhores interesses do indivíduo e buscando o bem comum. É um compromisso em garantir que o procedimento cirúrgico seja realizado com integridade e sempre em benefício do paciente.
Hemostasia (A Fortaleza para Enfrentar Desafios) : Durante a fase de hemostasia, o cirurgião aplica técnicas para controlar o sangramento e garantir um campo cirúrgico claro. Nesse momento, a fortaleza se faz presente. A cirurgia pode apresentar situações imprevistas, complicações ou momentos de grande pressão. A fortaleza permite ao cirurgião manter-se firme, agir com coragem diante de adversidades e tomar decisões rápidas, mas sábias, para proteger a vida e o bem-estar do paciente. A fortaleza é a virtude que impulsiona o cirurgião a enfrentar desafios com firmeza e superar obstáculos através de uma alma inabalável, mantendo durante todo o procedimento uma determinação com o melhor prognóstico do paciente.
Síntese (A Temperança na Busca do Equilíbrio Final) : A última etapa, a síntese, envolve a restauração da integridade do tecido por meio de suturas ou outros meios. Nesse momento, a temperança se revela. A temperança é a virtude que permite ao cirurgião exercer controle e moderação, evitando excessos e buscando a harmonia. A escolha adequada do material de sutura, a técnica precisa e o cuidado meticuloso são fundamentais. A temperança assegura que a finalização do ato operatório seja feita com prudência, justiça e fortaleza, considerando o bem-estar a longo prazo do paciente.
Logo, podemos concluir que a prática da cirurgia transcende a habilidade técnica e exige o cultivo das virtudes cardinais. A prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança tornam-se guias éticos para o cirurgião comprometido com o cuidado ao paciente. A diérese, exérese, hemostasia e síntese, cada uma refletindo uma virtude cardinal, são etapas cruciais em busca da excelência médica. Quando o cirurgião incorpora essas virtudes em sua rotina, ele se torna não apenas um técnico habilidoso, mas um verdadeiro médico que busca o bem-estar e a cura integral do paciente. A arte da cirurgia, assim, se revela não apenas como uma expressão de destreza manual, mas como uma expressão do cuidado compassivo e virtuoso que o médico oferece ao paciente.