Etiqueta Médica : Postura do Cirurgião Geral na U.T.I.
A etiqueta no ambiente hospitalar vai além das regras de boa convivência. Ela oferece recursos para que os profissionais construam relacionamentos sólidos, além de ensiná-los a lidar com os “sabotadores da carreira”, como indiscrição e a falta de educação. Logo as atitudes no trabalho devem ser pautadas pelo bom senso, pelo bom gosto e pelo equilíbrio. Esses três fatores têm um único objetivo: fazer-nos pessoas melhores na convivência com os demais. Certamente, pensar muito antes de agir nos protege de escolhas equivocadas de comportamentos. As relações de trabalho e os ambientes hospitalares mudaram muito nos últimos anos, assim como as regras de convivência e as competências relacionais. Hoje, muitas empresas adotam estações de trabalho em que todos compartilham o mesmo espaço. Tudo o que se fala pode ser ouvido. A privacidade é muito menor, o que exige discrição. As atribuições das lideranças também evoluíram: em vez de mandar, os líderes devem convencer as suas equipes para serem respeitados. Outro desafio é promover a boa convivência entre gerações diferentes nas empresas. Os avanços tecnológicos exigem muito mais dos relacionamentos com colegas de todos os níveis. Portanto, o uso de emails, redes sociais e mensagens instantâneas, entre outros recursos, deve preservar sempre a cortesia, o respeito e a devida atenção ao outro. Sendo a “regra de platina” das relações humanas: trate os outros melhor do que você gostaria de ser tratado!
Ao encaminhar o paciente no pós-operatório para U.T.I. o Cirurgião legalmente mantém sua responsabilidade sob os cuidados cirúrgicos deste paciente, sendo a partir daí um dos profissionais que participará na orientação das condutas clínicas relacionadas ao procedimento cirúrgico do paciente. Desta forma deve ficar á livre disposição dos INTENSIVISTAS para dirimir qualquer dúvida ou prestar orientações quanto a evolução cirúrgica do paciente em questão.
Alguns cuidados são importantes para serem lembrados nesta relação CIRURGIÃO e o Corpo Clínico das Unidades de TERAPIA INTENSIVA…
- Ao executar um procedimento cirúrgico, lembre-se que se algum evento adverso pode ocorrer, este um dia irá acontecer (Lei de Murphy). Prepara-se o pior possível. Se pensas que após uma complicação cirúrgica as coisas não podem piorar, acredite que podem. E serão justamente esta equipe de Especialistas que nos ajudaram a conduzir melhor o caso.
- Nada na Medicina permanece constante, em especial no pós-operatório, e nenhum órgão falha isoladamente.
- Cuidado com a Lei da Especialização: se fores um martelo, o resto do mundo é um prego. Aquele que pensa que sabe tudo, não sabe nada.
- Um “abdómen agudo cirúrgico” é diagnosticado após o exame físico por parte de um cirurgião EXPERIENTE e COMPROMETIDO, podendo ou não ser ratificado pelos exames complementares. Não existe nenhum teste complementar isolado para isso.
- Antes de solicitarmos um exame complementar, precisamos planejar o que faremos se for positivo ou negativo. Se as respostas forem iguais, não o solicitaremos. Corolário: Se o teste não altera a nossa estratégia, não solicitaremos.
- Não existe nenhum efeito adverso que não possa ser causado por um determinado fármaco. Se o fármaco não é essencial no tratamento, não usaremos.
- Geralmente a qualidade do cuidado prestado ao paciente é inversamente proporcional ao número de especialidades (consultores) envolvidos nesse caso particular. Todo paciente cirúrgico possui um único cirurgião responsável pelo procedimento em questão.
- Se as orientações médicas forem passíveis de má interpretação pela equipe multidisciplinar, elas certamente serão mal interpretadas. Portanto precisamos sempre nos perguntar: “Eu fui claro nas minhas orientações?”.
- Nunca ignore uma chamada de atenção de um dos membros da equipe Multidisciplinar, em especial do corpo de enfermagem. É função destes colegas nos informar. A nossa função é decidir. Seja cordial e serás retribuído da mesma maneira. Se fores desagradável, terás uma vida miserável. Jamais confunda o carteiro com a mensagem da carta.
- Se não sabes o que fazer, não faças nada e pede ajuda. Fazer mal não é melhor que não fazer nada. Pede e insiste na ajuda se tiveres dúvidas ou complicações que você nunca conduziu. Erros de inexperiência em doentes críticos podem ter consequências catastróficas.
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BOM PLANTÃO.